19 de setembro de 2024
O poder das comunidades no mundo dos negócios
Nos últimos anos, o conceito de comunidades tem ganhado destaque no cenário empresarial, impulsionado pela busca incessante por conhecimento e oportunidades de negócios. Em grande parte, essa tendência foi impulsionada pelas redes sociais, que possibilitaram a união de pessoas com interesses semelhantes.
No LinkedIn, não é raro nos depararmos com posts sobre comunidades em empresas, destacando-as como catalisadoras de inovação e colaboração entre equipes. Contudo, para uma análise aprofundada sobre o impacto dessas comunidades, é crucial voltar um passo e compreender o que exatamente são e por que as empresas estão cada vez mais recorrendo a elas.
Em sua forma mais simples, uma comunidade é um grupo de pessoas unidas por um objetivo em comum. No contexto empresarial, esse objetivo pode variar desde a coleta de feedbacks de clientes para melhorar um produto até a realização de testes com usuários.
Como destaca Carol Lagoa, co-fundadora da Witec IT Solutions, “os modelos de comunidades podem variar, desde pessoas do mesmo setor buscando aprimorar conhecimentos e unir forças para objetivos compartilhados, até comunidades de diferentes áreas focadas na criação de oportunidades de negócios”.
No entanto, ao analisarmos mais profundamente, percebemos que o conceito de comunidades não é algo novo. O que mudou é a maneira como as novas tecnologias e avanços permitiram que as barreiras entre comunidades fossem superadas.
Isso possibilitou que pessoas de todos os cantos do mundo se conectassem em busca de objetivos diversos, impulsionando avanços, compartilhando conhecimentos e ampliando as oportunidades de negócios.
Carol Lagoa enfatiza a importância de fazer parte dessas comunidades para quem busca crescimento, destacando que a Witec IT Solutions se engaja em várias delas, como o Grupo Alliance, Confraria do Empreendedor e outras comunidades online. Segundo ela, essas conexões são fundamentais para o destaque da empresa no mercado, ressaltando que “quem não é visto, não é lembrado”.
Segundo Vitor Igdal, sócio-diretor de Comunidades do ConfraHub, líder de Comunidade da Confraria do Empreendedor Brasil/Portugal e Presidente da ABRH Bahia é muito importante entender a relevância e o desenvolvimento de comunidades.
“Recentemente, discutimos maneiras de localizar comunidades alinhadas com nossos objetivos e como tornar parcerias dentro delas mais assertivas. A resposta para isso está na vastidão da internet e nas redes sociais, como Facebook, WhatsApp, LinkedIn, Instagram, TikTok e até mesmo no Google”, explica Vitor.
Ele complementa: “Ao pesquisar sobre comunidades relacionadas aos nossos objetivos, podemos identificar aquelas que compartilham nossos valores e princípios. Para garantir parcerias eficazes, a transparência na cultura organizacional é crucial. Deve-se deixar claro o propósito, missão, visão, valores e princípios, estabelecendo expectativas e regras dentro da comunidade”.
Além disso, construir rotinas e rituais que respeitem a cultura da comunidade é fundamental para integrar novos membros. Ao entender as necessidades e desafios dos participantes, podemos promover colaborações e conexões com especialistas que oferecem soluções para suas dores.
Ele cita como exemplo a própria comunidade, a Confraria do Empreendedor, que se baseia em três valores centrais: conectar, colaborar e compartilhar, todos sustentados pela confiança. “Conhecemos cada integrante, compreendemos seus objetivos e desafios, e buscamos conectar essas pessoas a especialistas relevantes. Compartilhamos conteúdos inspiradores e práticas bem-sucedidas para ajudar os membros a superarem desafios e alcançarem seus objetivos”, explica Vitor.
Segundo o co-fundador da Witec IT Solutions, Marco Lagoa, as comunidades não são apenas fundamentais, mas essenciais para o crescimento dos negócios. “Elas se tornaram uma estratégia vital para atrair, converter, engajar e fidelizar clientes e parceiros. Empresas que colocam as comunidades no centro de sua estratégia têm observado sucesso significativo”.
A relevância das comunidades no mundo dos negócios
O LinkedIn, por exemplo, é um ponto de referência quando se trata de comunidades empresariais, sendo um exemplo de sucesso na criação de “brand lovers”, pessoas apaixonadas pela marca que fornecem feedbacks de forma rápida e fácil, aumentando a visibilidade da empresa em relação à experiência do usuário.
A XP Inc. oferece outro exemplo notável. A empresa criou uma comunidade com o objetivo de manter conexões entre colaboradores e promover a educação em tecnologia internamente. Com uma ideia simples, construiu um ecossistema em que mais de três mil pessoas interagem digitalmente diariamente, compartilhando conhecimento.
A conexão entre comunidades e tecnologia
O mundo da tecnologia tem uma história fascinante de comunidades. A internet, como a conhecemos hoje, deve sua existência a indivíduos como Richard Stallman. Na década de 1990, enquanto grandes empresas mantinham seus códigos de software em sigilo, Stallman acreditava que todo software deveria ser acessível e disponível online.
Assim, ele deu início à Comunidade GNU, que se tornou um marco, produzindo software e disponibilizando-o gratuitamente na internet. A partir dessa iniciativa, surgiram outras comunidades de software notáveis, como o Linux, Apache e Debian. Esse movimento democratizou o acesso ao software e incentivou a colaboração global.
Pensando nisso, essas comunidades podem ser potentes quando construídas adequadamente. Através de eventos, workshops e a criação de fóruns de discussão, elas impulsionaram discussões ágeis e a implementação de novos projetos.
As comunidades criaram um ecossistema de colaboração e inovação dinâmico, inclusivo e acessível. Tudo isso foi possível graças a um canal de comunicação claro, uma mente aberta para feedbacks e uma constante vontade de implementar melhorias.
Comunidades para todos os interesses
Comunidades podem ser focadas em diversos temas, desde ioga até tecnologia, ou até mesmo em tópicos mais descontraídos, como fãs de filmes. Também podem servir como espaços de aprendizado e crescimento no mundo empreendedor, oferecendo cursos e informações sobre negócios.
A característica mais importante das comunidades é que elas devem ser sempre inclusivas e diversas, criadas com o propósito de trazer conhecimento e inovação aos seus membros.
Elas Programam leva inclusão para as mulheres
Exemplos de sucesso de comunidades na área tecnológica não faltam. Um exemplo é o Elas Programam, que nasceu em 2017 como um grupo no Facebook, criado por Silvia Coelho com o objetivo de capacitar e apoiar mulheres interessadas em desenvolver habilidades na área de programação e tecnologia em um ambiente inclusivo e acessível, oferecendo mentoria, cursos, eventos e oportunidades de networking.
Extrapolando o Facebook, Elas Programam conseguiu criar uma rede engajada de apoio e incentivo à participação ativa das mulheres no ecossistema tecnológico, conectando mais de 100 mil pessoas em diversos canais digitais.
“O impacto do trabalho da Elas Programam na comunidade de tecnologia é significativo, e, em particular, nas mulheres que desejam seguir carreiras nessa área. Ao promover a inclusão e diversidade de gênero na área de tecnologia. O grupo contribui para reduzir a disparidade de gênero que historicamente tem existido nesse setor. Isso significa que mais mulheres têm a oportunidade de participar ativamente na criação e inovação de soluções tecnológicas”, explica Silvia Coelho.
Alguns dos impactos positivos desse grupo incluem, segundo a especialista:
- Empoderamento: A Elas Programam capacita mulheres a adquirirem habilidades em tecnologia, o que as torna mais independentes e capazes de enfrentar os desafios do mercado de trabalho.
- Diversidade na tecnologia: A organização contribui para aumentar a diversidade de gênero na indústria de tecnologia, um setor historicamente dominado por homens. Isso leva a uma gama mais ampla de perspectivas e ideias na resolução de problemas tecnológicos.
- Networking e comunidade: A Elas Programam cria uma rede de apoio para mulheres na tecnologia, permitindo que elas compartilhem experiências, aprendam umas com as outras e encontrem mentores que possam orientá-las em suas carreiras.
- Mudança cultural: A presença de mais mulheres na tecnologia ajuda a promover uma mudança cultural nas empresas, tornando-as mais inclusivas e conscientes da importância da diversidade.
- Inspiração: O trabalho da Elas Programam inspira outras mulheres a seguir carreiras em tecnologia, à medida que veem exemplos de mulheres bem-sucedidas na área.
Transformando conexões em negócios – Grupo de indicações seguras: uma rede de confiança
As comunidades não se limitam apenas ao mundo digital; elas também podem prosperar no mundo físico. Grupos como o Alliance, a Confraria do Empreendedor e o BNI são exemplos de ações que combinam encontros presenciais com interação online, demonstrando que essa abordagem gera resultados positivos.
O conceito de indicações seguras desempenha um papel crucial na vida das pessoas, sejam elas indivíduos ou empresas. No contexto da prestação de serviços, encontrar um profissional ou uma empresa confiável pode ser desafiador devido ao anonimato que permeia muitas relações de trabalho.
Hoje, com a profusão de prestadores de serviços e uma ampla oferta de produtos no mercado, a necessidade de indicações seguras é mais evidente do que nunca. Mas será que apenas a indicação basta? Ou é necessário algo mais, como a referência?
Richard Domingos, diretor executivo da Confirp Contabilidade e presidente do Grupo Alliance, ressalta a importância da referência. “A referência ou recomendação é reconhecida como o ato de confiar a alguém a obtenção de informações de terceiros. As empresas inteligentes têm reforçado cada vez mais o seu elo com os seus clientes, parceiros e profissionais, justamente para manter a referência de uma empresa.”
Carol Lagoa destaca como fazer parte do Grupo Alliance é uma experiência enriquecedora, garantindo muitas indicações e solidificando a reputação da empresa em seu setor. Ela enfatiza que atualmente é comum que profissionais busquem referências antes de contratar uma empresa ou um profissional, tornando a indicação uma excelente porta de entrada para toda e qualquer negociação.
Cautela na criação e participação em comunidades
Com a proliferação de comunidades em um mundo cada vez mais interconectado, é crucial exercer a devida cautela para evitar experiências desagradáveis. O maior risco é ingressar em comunidades que não entregam o que prometem. Além disso, em um ambiente digital, existem riscos de se envolver em esquemas de pirâmide, por exemplo.
Em contraste, as comunidades bem-sucedidas estabelecem regras claras e objetivos compartilhados. Buscam promover conhecimento valioso, debates construtivos e oportunidades de negócios que, por sua vez, elevem o padrão de produtos e serviços oferecidos à sociedade, promovendo o crescimento.
Para empresas que desejam ingressar em comunidades desse tipo, é fundamental entender que esses espaços não são apenas para consumir conhecimento, mas também para contribuir. O engajamento ativo faz a diferença, portanto, simplesmente aderir a uma comunidade e esperar resultados não é o caminho, já que o verdadeiro impacto vem da participação ativa.
O mundo dos negócios está se transformando rapidamente à medida que as comunidades desempenham um papel cada vez mais significativo. Elas se tornaram uma força motriz na inovação, na colaboração e no crescimento. Como Marco Lagoa conclui, “o engajamento faz a diferença”. Ou seja, participar ativamente de comunidades pode ser a chave para o sucesso dos negócios.
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