2 de junho de 2014
Crédito – benefícios e limites para utilização
A frase “eu tenho crédito no mercado” é comumente utilizada como uma expressão positiva, refletindo uma imagem de que a pessoa é de confiança. Isso deriva da expressão “crer”, acreditar em algo, ou alguém. Já, quando partimos para o aspecto financeiro, a utilização desse termo tem o significado que há uma garantia a um tomador de obter recursos financeiros para fazer frente a despesas ou investimentos, financiar a compra de bens, etc.
Enfim, podemos ter a palavra crédito como um eufemismo para o fato de estar endividado, isso porque esse termo traz junto com ele uma carga negativa muito pesada, que, na realidade, não conota a realidade, já que estar endividado não é um ponto negativo. O que realmente é problemático é o descontrole da retirada de crédito, que pode direcionar as famílias à inadimplência.
Vou até mesmo mais longe: o fato de uma pessoa buscar crédito no mercado não é empecilho nenhum para que a pessoa seja também uma investidora, muitas vezes, é apenas o melhor caminho para que se possa atingir anseios e desejos.
Hoje, o crédito tem que ser responsável: empréstimos e financiamentos concedidos devem gerar consumo consciente e empregos, e suas ações não podem prejudicar a natureza.
O que ocorre é que observo que a maior parte das pessoas faz uma confusão com relação ao significado de obter crédito e estar endividado. Então, é importante falar um pouco sobre o tema para esclarecer e desmistificar alguns assuntos, como, por exemplo, o fato de acreditarem que investidores não podem obter crédito.
Obter crédito ou estar endividado não significa, necessariamente, estar em uma má situação. Se for algo controlado, é sinal de que foi programado, portanto, faz parte da vida. Quando as dívidas são frutos de investimentos – em educação e profissionalização, por exemplo –, é perfeitamente coerente, pois, nessas situações, haverá um retorno em médio e longo prazo.
Então, afirmo que pessoas que guardam seu dinheiro – seja em uma previdência privada ou comprando ações da bolsa de valores – podem perfeitamente também buscar crédito no mercado. Eis um exemplo: quem tem compras parceladas no cartão de crédito, obteve crédito, isso porque o produto ou serviço adquirido agora terá que pago nos próximos meses. E por que ela faz isso mesmo tendo recurso para comprar à vista? Porque, muitas vezes, não há desconto algum, então, é muito mais interessante deixar o dinheiro rendendo.
Mas, infelizmente, o que acontece, em boa parte das vezes, é que a população se endivida por falta de planejamento, e aí sim há um problema, pois o endividamento tem grandes chances de se tornar uma inadimplência. Além disso, não guardam dinheiro e não possuem uma reserva financeira para momentos como esses, por isso, é tão importante entender essa lógica e buscar educar-se financeiramente.
Em geral, a ciranda da inadimplência segue o seguinte compasso: se a prestação da casa ou do carro não está cabendo no orçamento, a pessoa passa a pagar todas as demais despesas no cartão de crédito, imaginando que assim sobrará recurso para pagar suas principais dívidas. Dentro de poucos meses, no entanto, já não conseguirá quitar a fatura do cartão e passará a pagar a parcela mínima, até que entre algum recurso extra. Mas isso não acontece e a saída é recorrer também ao cheque especial. Chega o começo do outro mês e a história se repete. O salário recebido é suficiente apenas para cobrir o limite do cheque especial. Junto vem o débito referente aos juros do período mais a parcela mínima do cartão acompanhada de juros. Sem alternativa, deixa-se de pagar a prestação da casa ou do carro.
Quando se dá conta, a pessoa está endividada de todos os lados, correndo o risco de ficar inadimplente e sem linhas de crédito. Quando percebem que o dinheiro não é suficiente buscam empréstimo. E assim vai até chegar ao fundo do poço.
Assim cuidado, independente de ser ou não um investidor, qualquer um pode obter crédito no mercado e, nesse caso, a primeira coisa a ser feita é um diagnóstico da vida financeira, para saber se terá como pagar. Se a resposta for não, tente, primeiramente, renegociar com o credor, afinal de contas, você quer pagar e ele quer receber. Muitas pessoas, por não terem orientação, querem pagar suas dívidas a qualquer custo, mas não percebem que, assim, acabam se enrolando ainda mais.
Enfim, o crédito é uma realidade de mercado que, se utilizado corretamente, não só poderá auxiliar nas dificuldades, como também se mostrará um excelente apoio para que se atinjam objetivos financeiros.
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