20 de setembro de 2024
Calor extremo – como proteger os trabalhadores dessa nova realidade
Temos vistos vários casos de situações de calor extremo, esse fato tende a se tornar cada vez mais comum no Brasil, com frequentes ondas extremas de calor e essa situação climática está gerando preocupações significativas para a saúde e bem-estar dos trabalhadores.
Nesse contexto, especialistas em segurança do trabalho alertam que é imperativo que as empresas adotem medidas rigorosas de proteção para seus funcionários, a fim de prevenir acidentes e problemas de saúde decorrentes do calor escaldante. Lembrando que problemas que possam ocorrer em função desse fato podem ser relacionados ao trabalho, fazendo com que a empresa tenha que arcar com as exigências legais.
A especialista em segurança do trabalho e CEO da Moema Medicina e Segurança no Trabalho, Tatiana Gonçalves, destaca que a exposição a temperaturas extremas representa riscos substanciais para os trabalhadores. Segundo ela, “essa onda de calor extremo pode trazer sérios riscos à saúde das pessoas, mas principalmente aos trabalhadores. A exposição a temperaturas extremas pode ocasionar problemas como aumento de acidentes, desmaios e até problemas mais sérios. É fundamental que as empresas tenham ações de prevenção em relação ao tema.”
Um dos principais desafios é garantir que os trabalhadores continuem a usar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) mesmo em condições de calor intenso. Tatiana Gonçalves enfatiza que “um risco é que muitas vezes as pessoas, devido ao calor, podem achar que podem deixar de utilizar os EPIs. Isso não pode nunca acontecer, e a empresa tem que explicar para os trabalhadores, podendo ter o risco de ver aumentar os números de acidentes.”
Entre os EPIs mais comuns usados nas empresas estão óculos de proteção, luvas, capacetes, protetores auriculares, máscaras, abafadores de som, cintos de segurança e equipamentos de segurança para alturas.
Idealmente, os ambientes de trabalho deveriam ser climatizados, mas como isso nem sempre é viável, especialmente em atividades externas, alternativas precisam ser consideradas. Uma das recomendações é ajustar os horários de trabalho sempre que possível, priorizando as horas mais amenas do dia. Além disso, é essencial que os trabalhadores se mantenham hidratados e tenham pausas frequentes.
Em relação à legislação trabalhista, a NR 09 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais estabelece medidas de controle para eliminar, minimizar ou controlar os riscos ambientais, incluindo o calor extremo. Essas medidas podem ser divididas em três categorias:
Medidas coletivas:
- – Redução da taxa de metabolismo, buscando minimizar o esforço físico dos trabalhadores.
- – Movimentação do ar no ambiente, incluindo o uso de aparelhos de ar-condicionado e ventiladores.
- – Utilização de barreiras que protejam contra o calor radiante, como materiais reflexivos.
Medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho:
- – Aclimatização dos trabalhadores, permitindo que seus corpos se adaptem gradualmente ao ambiente quente.
- – Limitação do tempo de exposição ao calor.
- – Promoção da hidratação adequada dos funcionários.
Uso de EPI – Equipamento de Proteção Individual:
- – O uso de EPIs é a última linha de defesa, a ser adotada somente quando as medidas coletivas não são viáveis.
- – Óculos de segurança com lentes especiais são necessários quando há fontes de calor radiante.
- – Outros EPIs, como luvas, mangotes, aventais e capuzes, devem ser feitos de materiais adequados e o mais folgado possível para garantir o conforto térmico.
“Em resumo, as empresas precisam se preparar adequadamente para proteger seus trabalhadores em meio à onda de calor extremo que tendem a ser cada vez mais comuns. A adoção de medidas coletivas, a gestão adequada do trabalho e a promoção de práticas seguras são fundamentais para garantir a saúde e a segurança dos funcionários enquanto enfrentam as condições climáticas adversas. O uso correto dos EPIs é uma última linha de defesa essencial para proteger os trabalhadores contra os riscos associados ao calor extremo”, finaliza Tatiana Gonçalves.
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