23 de dezembro de 2020
Preparando o caixa para 2021
Na maioria das vezes a situação se repete: enquanto o empregado está ansioso para receber os ganhos extras, descansos e usufruir das demais situações pertinentes ao final ou início de um novo ano, o empregador, por outro lado, está angustiado tentando uma linha de crédito com instituições financeiras para honrar todos os compromissos. Esse ano tudo piorou com a crise do COVID-19 que aumentou problemas de caixa.
Segundo uma análise da Avante Assessoria Empresarial, muitas empresas enfrentam esse problema, entretanto existem distinções por setores. Em linhas gerais, o comércio tem um final de ano mais movimentado, seu faturamento aumenta e os compromissos desse período são honrados. Em contrapartida, o início do ano tende a ser tenebroso, os compromissos mensais continuam e o faturamento despenca.
No caso da indústria e serviços, a tendência é que ocorra o oposto, o final de ano costuma ser complicado, o faturamento diminui consideravelmente e os compromissos aumentam, por outro lado, no início do ano, mais precisamente após o Carnaval, o mercado tende a se normalizar.
Como sobreviver?
Os gastos do período são muitos, destacando décimo terceiro salário, participação nos lucros e resultados (P.L.R.), férias coletivas, cestas natalinas, confraternização, brindes para os principais clientes, dentre outros. Diante dessa realidade, para uma empresa atravessar este período da melhor maneira possível é preciso se preparar, ou seja, se planejar para evitar que o caixa entre em colapso no período sazonal de cada negócio.
“Um importante detalhe é que o resultado da empresa deve ser analisado periodicamente e rigorosamente de forma mensal e, em uma análise posterior, deve-se elaborar uma estratégia para que a operação permaneça ou se torne lucrativa, fazendo com que parte deste caixa gerado seja reservado para honrar os compromissos durante a sazonalidade. Em situações mais complexas, sugerimos a elaboração de um ‘budget’, que nada mais é que um orçamento empresarial, que norteia as estratégias”, explica o principal executivo da Avante Assessoria, Benito Pedro.
Ele pontua também que o período ideal para o orçamento é antes de entrar no quatro trimestre do ano, pois ao final de cada ano o ‘budget’ do ano seguinte deve estar pronto. O mais difícil é criar essa cultura, mas o importante é iniciar esse processo, já que, posteriormente, as ações relacionadas tornam-se automáticas e fazendo com que os gestores e média gerência tenham uma visão analítica de toda operação da empresa, permitindo inclusive comparativos entre orçamento versus realizado, bem como revisão das estratégias de gerenciamento de fluxo de caixa.
Controladoria é a uma solução
Questionado sobre dicas preciosas para uma empresa que precisa preparar o caixa, Benito não hesita em responder: “Controladoria, eis o segredo de uma empresa organizada. Esse processo dinâmico fará toda diferença nas tomadas de decisões”. Essa área (controladoria) é basicamente a inteligência que analisa e interpreta as informações contábeis e gerenciais de uma empresa, tendo como objetivo medir adequadamente para sustentar medidas de redução das perdas e maximizar os lucros.
“É uma área estratégica nas grandes corporações (principalmente multinacionais), mas as pequenas e médias empresas não dão a adequada relevância para esse trabalho, sem perceber a existência de uma necessidade estratégica de implementar uma área de controladoria para quem pretende crescer. A tomada de decisão dos empresários depende dos seus resultados e indicadores. Informações corretas são sinônimos de decisões corretas”, afirma categoricamente o diretor executivo da Avante.
Ele aponta que a área tem diversos papéis, dentre os quais se destacam a implantação do plano de contas e apropriações corretas dos números, visando análise minuciosa e confiáveis de todas as despesas e receitas do negócio. A partir desse trabalho, há a entrega do Demonstrativo de Resultados (D.R.E.) tendo como base os relatórios analíticos de receitas e despesas/custos.
O erro do crédito e necessidade de fluxo de caixa
Um dos erros mais comuns das empresas em relação às finanças de fim e início de ano é deixar a preocupação para última hora. Quando se depara com o tamanho do problema, a solução basicamente é aguardar as instituições financeiras abrirem linhas de crédito para empresas que não se organizaram para honrarem os seus compromissos.
Nesse ato se inicia um perigoso caminho para o endividamento das empresas, que se não for tratado adequadamente pode levar até mesmo à falência. Todo cuidado é pouco nessa hora e buscar alternativas como a redução de despesas e custos pode ser o caminho mais indicado para arcar com esses gastos. Nesse ponto é que normalmente se identifica a deficiência em ter os dados corretos e confiáveis para análise e tomada de decisões estratégicas possíveis, caso a empresa tenha um D.R.E. Gerencial e um Fluxo de Caixa confiável.
Outro ponto é estabelecer um fluxo de caixa. Essa é uma importante ferramenta de controle, análise, avaliação da segurança financeira do negócio e de poupança de recursos, fornecendo assim ao empreendedor uma estimativa das necessidades futuras de recursos e/ou como e quando será aplicado o excedente de caixa.
Quando não ocorre essa gestão eficaz, o resultado é uma situação insustentável, caracterizada pelo frequente financiamento das necessidades de recursos oriundos de empréstimos bancários. A prática de “rolar” as dívidas por períodos prolongados exige que o empreendedor siga o calvário diário de mendigar aos gerentes dos bancos credores onerosas renegociações dos débitos.
Também ocorrem situações ainda piores, nas quais empreendedores recorrem a modalidades de financiamento pouco aconselháveis, como o uso de recursos pessoais obtidos com o cheque especial ou cartões de créditos, que geram elevadas despesas financeiras até se depararem com uma situação precária.
Portanto, o principal objetivo da gestão do fluxo de caixa é oferecer ao empreendedor dados para a tomada de decisões financeiras, estimando as faltas ou o excesso de dinheiro, relacionado com:
- As atividades de compra, transformação de insumos e venda de produtos/mercadorias e/ou serviços, funções básicas de qualquer de negócio;
• Os investimentos em ativos fixos e capital de giro;
• O aporte de recursos realizados pelos proprietários bem como a sua remuneração;
• As aquisições ou amortizações de empréstimos bancários;
• O pagamento de tributos (impostos, contribuições e taxas);
• A formação de uma poupança.
Com isso, o empreendedor deverá identificar as fontes de recursos para cobrir as faltas ou aplicar os excedentes de caixa nas opções de investimentos de maior retorno e menor risco, sempre preservando a capacidade de pagamento pontual dos compromissos assumidos.
Consequentemente, os riscos de endividamento desenfreado se tornam muito menores e se ganha fôlego para que se possa investir no crescimento do negócio e abrir novas frentes.
Por fim, lembre-se que deixar o fluxo de caixa para segundo plano é uma falha que impede o planejamento e crescimento sustentável, podendo até mesmo levar à falência.
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