25 de fevereiro de 2022

Como quebrar sua empresa: 15 erros para não cometer

 

Ninguém quer quebrar uma empresa, mas isso infelizmente acontece e, muitas vezes, por erros dos gestores. É um fato bem conhecido que de cada quatro empresas brasileiras que abrem, uma fecha antes de completar dois anos. Outro levantamento do Sebrae demonstra que 27% das organizações não completaram sequer um ano de vida. Ainda mais importante do que conhecer os números, é entender as principais causas de fechamento de uma empresa.

De modo geral, é fácil apontar a falta de planejamento como explicação. O problema é que isso não representa a complexidade real do problema, que tem vitimado tantas empresas brasileiras. A verdade é que não existe uma, mas muitas causas que ocorrem e que levam à morte de um negócio. Neste contexto, a falta de planejamento é apenas um dos motivos.

“Há muitos anos atuo na área de recuperação empresarial e, hoje, posso afirmar que não existe um único motivo que cause a falência. Existem vários fatores que somados vão desgastar os alicerces de uma organização e levam a situação a ficar insustentável. Infelizmente, a grande maioria das empresas só prestam atenção na gravidade da situação quando estão perto de fechar as portas, o que dificulta muito a recuperação.”, avalia Benito Pedro Vieira Santos, especialista em reestruturação de empresas e sócio da Avante Assessoria Empresarial.

O ponto é que existem erros que são determinantes nesse caminho que leva a quebra. Veja os principais e evite-os em sua empresa:

  • Falta de informações

“O que leva as empresas ao sucesso são as decisões corretas. Existem algumas máximas que praticamos com certa constância dentro de nossa empresa, uma delas é a seguinte: informação correta, decisão correta. Neste sentido, os principais erros que as empresas cometem estão relacionados a não atualização constante das métricas de sua empresa. Temos como base um tripé que é essencial para as tomadas de decisões: fluxo de caixa, demonstrativo de resultados e orçamento.”, explica Benito Pedro.

Além desse tripé, o gestor pode alçar mão de informações via BI, business intelligence, para entender o posicionamento dos produtos e serviços por cliente, região, segmentos e outras informações, que são vitais para a definição da estratégia de marketing, comercial e logística. 

  • Mistura de finanças pessoais e empresarial

Este é o erro administrativo mais comum entre os empreendedores de primeira viagem. A mistura de contas prejudica o controle financeiro e acaba favorecendo erros no caixa. Além de tudo, a prática pode acabar gerando problemas com a Receita Federal. 

“Sempre chamo a atenção para que os empresários tenham um controle muito aprofundado das finanças de seu negócio e das finanças pessoais, isso faz toda a diferença e possibilita que evite o descontrole, que pode levar às dívidas e a inadimplência.”, analisa Afonso Morais, advogado especializado em recuperação de crédito e sócio da Morais Advogados.

  • Não conhecer o cliente

“Saber onde ele está, o que ele quer comprar, quanto está disposto a gastar, quais expectativas e o que se busca para conseguir posicionar a estratégia da empresa às expectativas do cliente, essas são algumas funções primordiais das áreas comerciais.”, explica Afonso Morais.

Contudo, a grande maioria das empresas não fazem este estudo e tentam vender ‘tudo para todo mundo’. Dessa forma, a chance de erro é enorme, e maior ainda é a chance de insatisfação do cliente. 

  • Não saber precificar

Uma máxima, mas que reflete um erro, é que: quem define o preço é o mercado. Lógico que o preço deve ser competitivo, mas a empresa precisa saber calcular o valor de seu produto e serviço, considerando seus custos, despesas, impostos e margem para depois comparar o alinhamento com a concorrência. Essa análise é fundamental para tomada de decisão de escala, posicionamento, público-alvo, margem e dentre outros pontos.

“Pior do que não vender é vender errado. Muitas empresas sequer sabem o quanto de imposto deve incluir no seu preço final e qual o ponto de equilíbrio do seu negócio. Parece óbvio, mas não é. Grande parte dos problemas de fluxo de caixa nascem deste item e é um caminho silencioso que conduz a médio e longo prazo para uma morte anunciada.”, explica Richard Domingos, diretor executivo da Confirp Consultoria Contábil.

  • Não saber cobrar

“Muito se fala que um dos maiores problemas para as empresas é realizar um serviço ou vender um produto e não receber por isso, mas é importante acrescentar que também é um grande problema perder um bom cliente por não saber cobrar. Hoje, em um cenário pós-pandêmico é fundamental ter muito cuidado em relação a questão das cobranças.”, alerta Afonso Morais.

“Para trazer bons resultados, a gestão de cobrança precisa ser feita de maneira estruturada. Se não há um padrão a respeito de como a tarefa deve acontecer, diversas oportunidades são desperdiçadas. Uma dívida, por exemplo, pode levar tempo demais para ser cobrada, o que prejudica o negócio e sua sustentação.”, complementa.

  • Falta de controle financeiro

A boa gestão dos recursos financeiros é imprescindível para um negócio, sabendo dos números o gestor saberá quais são os caminhos para cobrir despesas e manter o negócio operando eficientemente. Sem uma visão clara de pagamentos e recebimentos fica difícil manter a saúde financeira. Tampouco será possível analisar onde é preciso fazer investimentos para alavancar o negócio.

Também é fundamental que se tenha o fluxo de caixa nas mãos, se este estiver desequilibrado pode ser fatal para o negócio. Isto ocorre porque o empreendedor começa a tomar decisões sem estar amparado por métricas corretas. O resultado costuma ser que ele não consegue cumprir com suas obrigações financeiras.

  •  Desentendimento entre sócios

Além dos erros administrativos, muitas empresas fecham as portas por questões de desentendimento societário. Não raro os problemas entre os sócios se estendem para a via jurídica. Por isso, é importante ponderar muito bem quem você quer em uma sociedade com você. Tenha em vista que nem tudo que funciona como amizade faz sentido quando o assunto é o mundo dos negócios.

É preciso sempre ter caminhos de comunicação abertos entre os sócios, levando em conta que questões pessoais devem ser deixadas de lado para que as decisões sejam as mais corretas e imparciais possíveis

Não saber vender

“Por vezes tenho reforçado a importância do setor comercial dentro da empresa. Sem vendas não existe a possibilidade mínima de crescimento, principalmente, pensando em um pós-pandemia.”, explica Benito Pedro.

“Raramente vemos uma empresa reclamar ou enfrentar problemas porque está vendendo demais. É claro que tem algumas que se comprometem e não conseguem entregar serviços e/ou produtos no prazo ou com a qualidade que se comprometeu, mas este é outro ponto. O que quero dizer aqui é que um dos pilares fundamentais para que qualquer negócio sobreviva no mercado é a venda, o dinheiro entrando para fazer todo o resto “rodar”.”, complementa.

  •  Não se preocupar com tributos

Um empresário tem que dominar as questões tributárias que envolvem seu negócio. É um grande equívoco abrir mão dessas informações na gestão empresarial. Informações como custos, despesas e impostos são fundamentais para determinação da margem ao qual a empresa busca na prestação de serviços ou na venda de produtos e mercadorias. 

Entender de tributos não é uma missão apenas do contador. Ele tem que conseguir transmitir ou assessorar seus clientes de forma tal para que estejam aptos a tomar decisões. 

Observe os grandes empresários, eles não se limitam a conhecer seu produto, seu cliente e o espaço que ocupa. Esses profissionais dominam um conhecimento profundo sobre imposto e contribuições que lhe permitem discutir com profissionais da área contábil fiscal alternativas por meio de planejamento tributário, que vai muito além de escolher uma opção para recolher seus tributos nos diversos regimes existentes no Brasil.

9 – Não saber comprar

Comprar muito, comprar caro, não levar em consideração o custo financeiro da manutenção do estoque, não aproveitar os melhores momentos para aquisição, compra errada, que gera venda errada, ou pior, uma não venda – esses são erros mais comuns dos que se imagina das empresas na hora de adquirir insumos, matéria-prima, produtos, equipamentos e dentre outros. 

Outra coisa que ocorre muito é não considerar na compra os custos tributários ou crédito de tributos, analisando apenas o preço, ação que muitas vezes engana o empresário. Note que o lucro não está no vender bem, mas sim no saber comprar também, isso faz toda a diferença.

10 – Falta de investimento em marketing 

Não basta colocar ovos, tem que cacarejar. O marketing tem que despertar o desejo da compra para os clientes. Infelizmente, não saber investir nessa área leva muita gente à falência.

Hoje, ferramentas de marketing estão mais acessíveis. No entanto, para competir de igual para igual com grandes empresas, os custos de marketing são altíssimos, seja eles em veículos de comunicação televisivos, radiofônicos ou digital. É fundamental saber escolher o veículo correto e investir para colocar a empresa em um patamar diferenciado frente a seus concorrentes.

Além disso, é imprescindível que se tenha o alinhamento correto entre a comunicação com o consumidor do seu produto. Esse é outro acerto que a empresa deve fazer. 

11 – Logística não apropriada para os tempos atuais 

A logística tem uma importância primordial para as empresas atualmente. Já não basta vender de forma ágil, é preciso pensar na entrega e como essa também deve ocorrer de forma ágil e eficiente. Isso é primordial, seja em relação a produtos ou a serviços.

Além disto, é preciso pensar detalhadamente nos custos relacionados a logística, de forma que este processo não onere muito o produto. Dependendo do mercado que se atua, ter um bom sistema de logística é vital para que a empresa prospere e consiga concorrer com grandes marketplaces. 

12 – Falta de qualidade de produtos e serviços (retrabalho)

Um dos piores prejuízos que uma empresa pode ter é vender um produto com defeito ou um serviço ruim. Ainda que a empresa tenha um sistema que garante a troca ou reposição do produto, deverá considerar em seus custos todo o gasto relacionado a essa falta de qualidade e, consequentemente, o desgaste da imagem. Muitas vezes, essa falta de qualidade está ligada à falta de profissionais qualificados, tecnologia apropriada e insumos de qualidade. Esses gastos relacionados a baixa qualidade voltam com força nos resultados da empresa, como um círculo vicioso. Na maioria das vezes, para solucionar será necessário investimento para romper esse ciclo prejudicial à companhia. 

13 – Não investir em treinamento e capacitação 

Em um país no qual o acesso à educação com qualidade é para minoria, a empresa deve constantemente investir em formação e capacitação de mão de obra. Isso deve fazer parte do plano empresarial. 

Empresas que não se preocupam com a capacitação constante dos colaboradores enfrentam sérios problemas, que vão muito além da qualidade de serviço. Existe também o problema relacionado a retenção de profissionais. Hoje, as pessoas querem aprender e crescer, priorizando empresas que tem isso como foco. 

Quem não investe em conhecimento, treinamentos e aprimoramentos está fadado a ficar para trás no mercado, perdendo competitividade e qualidade em produtos e serviços.

14 – Falta de investimento em tecnologia

No mundo globalizado, não dá para não pensar em ter as melhores tecnologias, visando a qualidade e baixo custo de produção. É quase impossível competir com equipamentos arcaicos e esperar que o mercado perdoará essa falta de visão.

Investir em tecnologia não é uma prática feita apenas para melhorar processos. Ela também permite criar oportunidades e modificar a forma como as empresas realizam suas entregas ao mercado — criando novos produtos, serviços, canais de comunicação e até mesmo modelos de negócio.

Como evitar o fim

“Uma dica que pode resolver parte desses problemas é o conhecimento ou parcerias estratégicas. O empresário imerso na operação não conseguirá resolver todas as questões existentes. É importante procurar assessorias especializadas, associações comerciais e empresariais para uma formação contínua e saber buscar suporte qualificado.”, analisa Benito Pedro.

Um dos maiores gargalos do mercado se dá em função da inexperiência ou gestão ineficiente das empresas. Lembre-se que ter controle total e conhecimento real da situação da empresa é primordial em qualquer momento ou estágio que o negócio se encontre.